" A transformação de vidas através da Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Humano."

26 de junho de 2014

Mas e quando a copa acabar?

É, os brasileiros estão vivendo dias de grande ilusão, ops, emoção.  Isso mesmo, a tão e só falada Copa do Mundo 2014. A TV brasileira está focada no mundial e como era de se esperar a audiência corresponde. Claro, não foi à toa que os brasileiros enfeitaram as ruas com sacolinhas recortadas em filetes e desenharam a bandeira do Brasil em tudo quanto é canto. A frase “Rumo ao Hexa” tá na boca da galera, apesar da maioria nem saber o significado de hexa. Mas a questão não é essa, simplesmente a programação televisiva está focada na Copa e o resto do mundo não interessa nesse momento.
Você que tem assistido as seleções golearem seus adversários, soube alguma notícia referente ao publicitário que matou o zelador em São Paulo? Soube que o Brasil conquistou cinco medalhas na Olimpíada Internacional de Astronomia? Não, ninguém notícia nada. Nem mesmo os telejornais popularescos que adoram um sangue exposto na tela, estão dando ênfase aos problemas atuais. Se algum crime brutal acontecer, com certeza não teria grande importância como um gol do Neymar ou outros assuntos ligados aos jogadores e jogos.
Não, não estou dizendo aos aficionados por futebol que nos esqueçamos da Copa, da seleção, mas estou evidenciando a falta de empenho de se manter uma programação coerente. Alguns programas que não andavam, parece que agora resolveram parar de vez. Nada tem acontecido.
Nada é divulgado, observa-se que algumas programações são feitas sem o menor preparo. Parece que as coisas estão sendo feitas somente por fazer. Afinal, para que fazer? Ninguém está vendo mesmo. E a culpa é nossa.
Emissoras que não tem o direito de exibição do Mundial, nem se esforçam em apresentar algo interessante ou comentam a partida quase que em tempo real. Mas e quando a copa acabar? Será que teremos interesse no que estávamos acompanhando anteriormente? Sinceramente não sei.
Acredito que um planejamento sobre o que fazer com os programas já existentes na grade manteria a qualidade e audiência. Nos inícios dos anos 70 (eu ainda não havia nascido, risos), as programações “normais” deram mais audiência do que o final do mundial. Evidente que era outra geração, mas e quando as a copa se for? A opção é voltar à estaca zero? Garimpar os pontos de audiência que poderiam ser mantidos. E quando a copa se for? O assunto da final durará mais uma semana nas empresas a ponto de atrapalhar o rendimento dos colaboradores?
A copa tem sido o ópio da população. Dizem que a o povo se tornou mais consciente. Sinceramente, em dias de jogo não é isso que vejo no trânsito, não é isso que vejo nas lojas, nas empresas. Os colaboradores já vão para o trabalho pensando no jogo, e pior, atendem mal, quase que expulsando os clientes (e não é aquele cliente que chega às 15:50h, são todos!), e por fim tudo acaba em festa até altas horas em plena segunda-feira na Av. Princesa Isabel, afinal trabalhar no dia seguinte para que? “O importante é que o Brasil ganhou o jogo e resto a gente resolve depois.”
Para vocês que estão acompanhando a leitura, não pensem que sou uma pessoa amarga e de mal com a vida (quem me conhece sabe que não sou). Apenas acho que tudo deve ser feito com o mínimo de senso. A reunião com amigos em casa é excelente (e participo), a descontração é essencial, mas tudo na medida certa. De forma alguma estou sendo antipatriota, só acho que se o Brasil perder a copa (o que não vai acontecer) ou ganhar o mundial, a minha e a sua vida será a mesma. Os salários dos jogadores serão maiores, o do locutor global também ficará na faixa dos milhões e o do resto para população continuará saindo até o 5º dia útil já todo comprometido. E esse mês será pior, porque para alguns a fatura do cartão deverá chegar bem gorda com as compras de bebidas e carnes. Que tal mandar a fatura para o Neymar, afinal gente, o Brasil ganhou o jogo!
Será que a população está tão infeliz que o carnaval não basta? Já vivi e comemorei algumas copas, quem não se lembra do tetra? Nossa! Como comemoramos na avenida pelinca, como foi bom, mas hoje a galera meio que perdeu a noção. O que eu vejo nas ruas em dia de jogo são motoqueiros sem camisa pilotando em 1 roda (os palhaços. Afinal não há circo sem palhaço), homens e mulheres (aparentemente maduros, eu disse maduros e não idosos) aos berros na rua (embriagados e dirigindo...Cadê a lei seca? cadê a blitz no Alzira Vargas às 18:00 horas? Ah tá! Esqueci é Copa), vejo meninas novas em carrocerias de caminhonetes quase “se doando” de tanta paixão pelo Brasil. Como diria um bordão de um programa que não me lembro mais o nome... “É disso que o povo gosta!”. Por falar nisso não vi na TV uma vez sequer durante o mundial campanha de prevenção a Aids e uso da camisinha. Ah é verdade...Isso não importa, o importante é bater um bolão... “Bora” moçada rumo Hexa...ao “hexafilho”. Mas não faz mal, vocês tem o bolsa família.
Parece que tudo que se trata de desenvolvimento humano caí por terra em dias de jogo. Em minha opinião chegamos a um patamar de desigualdade social, de injustiças, de corrupção e por ai vai, que acredito que não há motivos para essas comemorações exageradas. Ou será que justamente por isso as comemorações meio que fora de sentido estão ocorrendo? É como se fizessem uma baita festa de aniversário para alguém muito doente. Aliás, doente não, em tratamento, porque a saúde vai melhorar, afinal o Brasil ganhou o jogo!!!
Onde está o gigante de 2013? Foi tirar um cochilo?

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