" A transformação de vidas através da Gestão de Pessoas e Desenvolvimento Humano."

6 de março de 2014

Confiança e Liberdade nas relações Empresa-Colaborador.

Acredito que todo líder deva ter uma visão a perseguir. Algo em que ele realmente acredite e que de alguma forma determine uma base firme sobre a qual todas as suas ações sejam conduzidas. Em que eu acredito? Acredito em uma relação empresa-colaborador construída sobre confiança, responsabilidade, comprometimento e reconhecimento. No decorrer da minha carreira, tenho me esforçado para ver a empresa assimilar e crescer sobre esses valores, fugindo dos velhos mecanismos de comando e controle. Mas em muitos momentos preciso atuar como um tipo de guardião da visão, pois em momentos de crise somos tentados a tomar o caminho mais curto e deixar de lado aquilo em que acreditamos.
Em geral todos concordam que esses valores são importantes. Quem ousaria dizer que não são? Entretanto colocar isso em prática como valores fundamentais numa empresa, especialmente quando tem muitos colaboradores, não é uma tarefa simples. Por exemplo, quando não estamos acompanhando diariamente o trabalho de uma equipe que, digamos, esteja com o cronograma atrasado, e ao entrarmos em seu ambiente de trabalho encontramos todos rindo de algo escrito em algum site, ou freneticamente acompanhando cada postagem do face ou whatsapp,  nosso sangue de gestor costuma ferver. Será que eles não entenderam a seriedade da situação? Dá-nos vontade de criar mais mecanismos de controle, bloquear acesso a recursos na Internet que não sejam diretamente ligados ao trabalho, enfim, de alguma forma força-los a manter o foco no trabalho. Mas onde está a (C)confiança, a (R)responsabilidade, o (C)comprometimento e o (R)reconhecimento? Vou passar a chamar essas quatro palavras de CR2 para encurtar.
Não sei se estou reinventando alguma roda, mas eu vejo CR2 como um modelo de gestão e um processo de crescimento profissional. Eu vou explicar melhor.
Sempre que contratamos alguém, estamos dando um voto de confiança. Tudo começa na confiança. Mas confiança é algo que se conquista gradativamente. A partir dela, nós acreditamos que o colaborador seja capaz de assumir certas responsabilidades e, dependendo da experiência, do cargo, do projeto, etc., lhe damos uma missão.
Uma vez que a missão esteja clara, tudo que esperamos é comprometimento com o resultado. É importante que cada colaborador saiba que o que estamos buscando não é alguém que trabalhe sem parar, igual a uma máquina. Não. O que queremos é que cada um entenda a importância da sua missão dentro da estratégia da empresa (ou de um aspecto dela), e que se comprometa com o sucesso da sua missão. Se comprometer com o resultado não é simplesmente trabalhar muito. Às vezes dar o máximo, trabalhar fora do horário e finais de semana, embora seja um sinal de grande dedicação ao trabalho, pode não ser suficiente. Se comprometer é ter uma postura, uma atitude focada no sucesso da missão. Talvez precisemos de feedback, de questionamentos, de rediscutir as prioridades e, de acordo com a alçada de cada um, buscar caminhos alternativos, pois não adianta chegarmos ao final dizendo que demos o nosso máximo, se a missão não for concluída com sucesso. Inclusive o ideal é que as missões sejam cumpridas sem a necessidade de se matar nas madrugadas e finais de semana, mas se for necessário, vamos que vamos! Mais uma vez, comprometimento pra mim é entender a importância de uma missão e junto com a empresa garantir que ela seja cumprida com sucesso. Estamos todos no mesmo barco!
Com o comprometimento e consequente sucesso, virá o reconhecimento, tanto financeiro quanto social. Acho extremamente importante que toda a empresa reconheça e valorize cada missão cumprida com sucesso. Assim, fechando o ciclo CR2, essa atitude comprometida e o sucesso resultante dela permitirá que aumentemos o nível de confiança e de responsabilidade depositada ao colaborador. Note que ter mais responsabilidade aqui não significa virar gestor. Pode até ser, mas às vezes um desenvolvedor brilhante pode não ter nenhum tino para gerir, certo? Mas um desenvolvedor sênior poderá receber missões de desenvolvimento com um grau de liberdade e responsabilidade que um júnior não poderia, tudo fruto da confiança.
Algumas pessoas às vezes não percebem que esse processo é um ciclo incremental, que alguns estão caminhando há mais tempo e alcançaram uma posição de maior confiança/responsabilidade, e com isso podem desfrutar também de uma maior autonomia e liberdade. Confiança precisa ser conquistada. É fundamental nesse processo contínuo de amadurecimento profissional que estejamos realmente abertos às críticas construtivas, pois reconhecendo e refletindo sobre nossos deslizes, cresceremos em confiança.
Concluindo, acredito na construção de um ambiente de trabalho fundamentado sobre essas relações CR2 e não sobre mecanismos de comando e controle (embora algumas vezes necessária a aplicação desses mecanismos com expertise). Criar formas de forçar o foco das pessoas para o trabalho não vai torná-las comprometidas com resultado. Pode até resolver alguns problemas  e torna-las mais produtivas até um certo limite, mas definitivamente não é o tipo de relação empresa-colaborador na qual acredito.

Fonte de Pesquisa: Fabrício Vargas Matos.

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