A noção contemporânea de diversidade como um valor
nas relações humanas é resultado da busca de oportunidades iguais e de respeito
à dignidade de todas as pessoas. Assim, a diversidade representa um princípio
básico de cidadania, que visa assegurar a cada um condições de pleno
desenvolvimento de seus talentos e potencialidades. Ao mesmo tempo, a prática
da diversidade representa a efetivação do direito à diferença, criando
condições e ambiente sem que as pessoas possam agir em conformidade com seus
valores individuais.
A valorização da diversidade e do pluralismo no
mundo contemporâneo é decorrência do reconhecimento cada vez maior da
democracia como fator essencial para o aprimoramento das sociedades e da busca
de novos padrões de convivência assentados em relações socialmente mais justas.
Todos os segmentos de negócios sofrem, à sua
maneira, os impactos da globalização e das mudanças culturais e demográficas
das sociedades. Para muitas empresas, a adoção da diversidade na força de
trabalho, além de ser um compromisso ético, tem se mostrado um caminho para a
competitividade. Para tanto, elas têm investido em ações de atração, manutenção
e incentivo a uma mão de obra cada vez mais diversificada. Tradicionalmente,
essas ações estavam voltadas quase apenas para as questões de raça e gênero.
Hoje, as empresas vêm ampliando sua definição de diversidade, passando a considerar
questões como condição sócio econômica dos colaboradores, estilo de trabalho, idade,
ascendência, nacionalidade, estado civil, orientação sexual, deficiência física
ou mental e condições de saúde, entre outras diferenças. Também estão
tornando-se mais inclusivas, criando ambientes de trabalho receptivos a
trabalhadores tradicionalmente discriminados, estigmatizados ou marginalizados.
O sistema financeiro e as empresas em geral são
peças importantes nesse processo, já que é no âmbito socio-político-econômico
que se cria o sistema de valoração, no qual as pessoas são socialmente
avaliadas. É nesta complexa trama das relações sociais que se constrói a
identidade pessoal e social dos indivíduos. Desta forma, cada setor da
sociedade tem uma contribuição a dar.
Em pleno século XXI, o que não faltam são
discussões para efetivar a igualdade social e promover a aceitação das diferenças.
Cada vez mais, observa-se minorias, como por exemplo os homossexuais assumindo
sua identidade, buscando aceitação e igualdade em toda a sociedade, o que há
algumas décadas não existia. E no mercado de trabalho, como eles são recebidos?
Existe preconceito na hora de contratar um candidato homossexual? E os
profissionais, o que eles acham disso?
Uma pesquisa realizada mostra que ainda existe
preconceito na hora de contratar um homossexual. Dos 400 entrevistados –
homossexuais ou não – 54% acreditam que o preconceito existe apesar de não ser
assumido. Há também os que afirmam que o preconceito ainda exista, mas que vem
diminuindo com o passar dos anos (21%) e aqueles que digam que a discriminação
depende do tipo de área e vaga desejada (22%); apenas 3% pensam que esse
problema não exista mais. Quando consultadas sobre o assunto, as 30 empresas –
de médio e grande portes – que participaram da pesquisa de maneira anônima,
afirmam que a escolha ou não de um homossexual para ocupar um cargo depende da
posição e da área para as quais o candidato se inscreve (38%). Para 31%, o
preconceito é velado, isto é, ele existe, mas não é assumido; já 25% pensam que
a discriminação existe, mas menos constante do que há alguns anos e os 6%
restantes dizem que não existe preconceito dentro das empresas.
São muitos os casos de candidatos homossexuais
qualificados que acabam não sendo contratados sem motivo aparente. É claro que
a justificativa da recusa nunca se refere à orientação sexual, mas para quem já
sofre esse tipo de preconceito, os motivos são claros. A Constituição Federal
Brasileira veta qualquer tipo de discriminação, distinção ou conduta que viole
a privacidade ou dignidade da pessoa. Sendo assim, se o candidato julgar que
existe a prática de qualquer conduta discriminatória em relação a sua
orientação sexual é importante procurar um advogado que poderá orientá-lo sobre
as providências que devem ser tomadas.
A orientação sexual do candidato não deve ser
levada em conta no momento da entrevista, bem como outros aspectos de sua vida
pessoal. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, fazer qualquer tipo de
pergunta que não seja de cunho profissional no momento da entrevista, como
perguntar a idade, o estado civil, se a pessoa tem filhos, etc., é proibido por
lei. O que é de fato relevante na contratação são suas competências, não o que
ele faz nas horas vagas ou com quem se relaciona. Será que o Brasil chega lá?
Praticar e valorizar a diversidade são ações que se
traduzem no combate ao preconceito e à discriminação. Entretanto, se é fácil
encontrar no senso comum a aceitação da premissa de que o preconceito deve ser
combatido, é complexo converter essa proposição em mudanças efetivas de
culturas, comportamentos, hábitos e rotinas.
A sociedade brasileira está se esforçando para
construir um contexto que reconheça, respeite e acolha com dignidade a
diversidade que a constitui. Este processo é complexo e demorado, pois implica
na mudança do pensar social, das atitudes sociais e na inserção de adaptações
objetivas que atendam as necessidades específicas e peculiares de todos.
Fontes de Pesquisa: Renato Grinberg, Fenabran e Instituto Ethos.