“Mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu....Tá tudo assim, tão diferente.
Se
lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem
saber que o pra sempre sempre acaba...” Pois é, tantas mudanças têm afetado o
nosso dia a dia no trabalho, em casa e no lazer que é comum ouvir que vivemos
em uma “época de mudanças”. E as proposições vêm cheias de obviedades, como
dizer que “a única coisa permanente é a mudança”.
Essa
visão de mundo parece insinuar que devemos fazer ajustes na nossa vida para
conviver melhor com as modificações percebidas.
Ouvimos com frequência que quem vence não é o mais forte, nem o mais
isso ou aquilo: “Os vencedores são os que melhor e mais rapidamente se adaptam
às transformações”.
Essas
novas condições não devem ser analisadas de forma isolada, mas em conjunto, de
modo integrado, afinal uma torrente de mudanças ocorre ao mesmo tempo, de forma
simultânea, afetando-nos em todas as dimensões da vida. Impactam, não apenas o
nosso trabalho, nossa vida pessoal, amorosa, espiritual, financeira, cidadania
etc.
As
instituições às quais as pessoas se apegavam passivamente no passado para obter
benefícios e soluções para os seus problemas – a Família, o Estado, a Igreja e a
Empresa – não são mais as mesmas. A família está se aniquilando. Abalada, não
consegue mais desempenhar seu papel tradicional. O Estado confessa não ser capaz de resolver
os problemas dos cidadãos, tanto que proliferam as ONGs para cobrir áreas não
atendidas pelo poder público. A Igreja vive uma encruzilhada existencial:
precisa se renovar para sobreviver no longo prazo, mas não quer abrir mão dos
dogmas que a consolidaram até aqui.
A
última fortaleza, a Empresa, está em reconfiguração. Evoluímos da Era
Industrial para o mundo dos Serviços e nele o que conta não é mais a cultura
das chaminés das fábricas, nem os pilares que sustentaram a industrialização
por décadas: especialização das tarefas, economia de escala,
departamentalização das organizações e produção em massa. O que importa, agora,
é a cultura da interatividade dos serviços prestados pela empresa, não mais a
forma como se fabricam os bens.
O
antigo pacto “lealdade–estabilidade”, que norteou a relação das pessoas com as
empresas, atravessa uma profunda transformação. As relações trabalhistas devem
mudar completamente nas próximas décadas. As empresas não garantem mais a
estabilidade como antigamente. Ficou praticamente impossível prever a evolução
de uma carreira profissional. O cenário tem mudado tanto que ninguém pode
assegurar que tal ou qual carreira existirá no futuro.
O
foco das empresas está migrando do produto para os clientes. O importante não é
o que as empresas vendem, mas o que os clientes de fato compram. Mais valioso
do que o produto é a experiência de compra sentida na hora da verdade, ao estar
no chamado “ponto de venda” – que, aliás, por quê não chamá-lo de “ponto de
compra”? Conta a qualidade do atendimento, a capacidade de relacionamento, a
competência de oferecer soluções integradas aos clientes e de superar suas
expectativas, surpreendendo-os sempre.
Essas
duas transições – do mundo industrial para o dos serviços e do foco no produto
para o cliente – alteram completamente a forma de exercer as profissões,
quaisquer que sejam elas. Mesmo quem trabalha em uma indústria precisa aprender
a pensar mais nos serviços e nos clientes do que na fábrica e nos produtos.
Por
tudo isso, tenho afirmado que não estamos simplesmente vivendo uma “época de
mudanças”. Vivemos sim, uma verdadeira “mudança de época”, um período de
transição extraordinária, uma crise sem precedentes. É, sem dúvidas, tempo de
nos reinventarmos!
Fonte de Pesquisa: César Souza.