A
geração X está cada vez mais vivendo paixões e menos ilusões. Talvez em
momentos de crise como este, em que estamos vivendo, seja o momento “ideal” ou “momento
gatilho” para a tomada de uma série de decisões profissionais, e “chutar o
balde” tem sido avaliada com bastante carinho e atenção por esta geração.
Muitos
profissionais por volta dos 35 anos, com uma carreira bem sucedida e vida
estável, estão tomando a decisão de “chutar o balde”. Muitos estão dando adeus
aos empregos e todos em sua volta ficam meio surpresos. Muitos casos me chamam
a atenção. Existem pessoas que trabalham há mais de uma década em grandes
empresas, são respeitadas e tem uma vida confortável. Mas encheu o saco.
Resolvem estudar, voltarem para a cidade natal e abdicarem de grande parte do
conforto em busca do que o faria feliz de verdade. Eles nunca mais fazem uma
apresentação de power point na vida, usam o excel apenas para controlar os
gastos mensais e esbanjam um brilho nos olhos toda vez que os reencontramos.
Fato
é que histórias como essas têm sido cada vez mais comuns na geração X. Enquanto
todos se preocupam com a urgência e ambição da Geração Y, a Geração X,
imediatamente anterior, está repensando seus conceitos e valores. Fomos criados
acreditando que uma vida feliz era falar línguas, fazer carreira, trabalhar a vida
inteira numa ou duas grandes empresas, comprar o apartamento próprio, construir
uma família para sempre e ir pra Disney (ou Paris) uma vez por ano. Uma vida
estável e fixa, sem rompantes de aventura.
Acontece
que grande parte da Geração X chegou aos 30, 40 anos e descobriu que para
juntar meio milhão e dar entrada, com sorte, num apartamento modesto que irá
pagar até seus 60 anos, o caminho é longo e o preço é alto, bem alto. Os poucos
que conseguem, heroicamente, conquistar seus bens e sonhos sem a ajuda dos
pais, estão exaustos. Olham em volta e mal têm tempo de curtir os filhos ou as
férias exóticas que sonham (e têm dinheiro para tirar) para a Tailândia,
Marrocos ou Havaí. Há também aqueles que ficaram tão ocupados em conquistar
aquilo que lhes foi prometido que deixaram para “daqui a pouco” os filhos, os
hobbies e a felicidade e perceberam, agora, que “desaprenderam a dividir”.
No
meio disso, veio essa sedutora mobilidade contemporânea, mostrando a eles o que
os pais ainda não podiam os ensinar, que
é possível existir estando em qualquer lugar e que não é uma mesa de escritório
ou um cartão de visitas que nos faz mais nobre, mas sim aquilo que de melhor
podemos oferecer ao mundo. Só que descobrem isso depois de passarem grande
parte da juventude preocupados em nos sustentar, serem bem sucedidos,
conquistarem prestigio e reconhecimento. Para, enfim, ter a liberdade de chutar
o balde e sair por aí…
Pesquisa: Fabiana Gabriel.
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