Acredito
que todo líder deva ter uma visão a perseguir. Algo em que ele realmente
acredite e que de alguma forma determine uma base firme sobre a qual todas as
suas ações sejam conduzidas. Em que eu acredito? Acredito em uma relação
empresa-colaborador construída sobre confiança, responsabilidade,
comprometimento e reconhecimento. No decorrer da minha carreira, tenho me
esforçado para ver a empresa assimilar e crescer sobre esses valores, fugindo
dos velhos mecanismos de comando e controle. Mas em muitos momentos preciso
atuar como um tipo de guardião da visão, pois em momentos de crise somos
tentados a tomar o caminho mais curto e deixar de lado aquilo em que
acreditamos.
Em
geral todos concordam que esses valores são importantes. Quem ousaria dizer que
não são? Entretanto colocar isso em prática como valores fundamentais numa
empresa, especialmente quando tem muitos colaboradores, não é uma tarefa
simples. Por exemplo, quando não estamos acompanhando diariamente o trabalho de
uma equipe que, digamos, esteja com o cronograma atrasado, e ao entrarmos em
seu ambiente de trabalho encontramos todos rindo de algo escrito em algum site,
ou freneticamente acompanhando cada postagem do face ou whatsapp, nosso sangue de gestor costuma ferver. Será
que eles não entenderam a seriedade da situação? Dá-nos vontade de criar mais
mecanismos de controle, bloquear acesso a recursos na Internet que não sejam
diretamente ligados ao trabalho, enfim, de alguma forma força-los a manter o
foco no trabalho. Mas onde está a (C)confiança, a (R)responsabilidade, o
(C)comprometimento e o (R)reconhecimento? Vou passar a chamar essas quatro
palavras de CR2 para encurtar.
Não
sei se estou reinventando alguma roda, mas eu vejo CR2 como um modelo de gestão
e um processo de crescimento profissional. Eu vou explicar melhor.
Sempre
que contratamos alguém, estamos dando um voto de confiança. Tudo começa na
confiança. Mas confiança é algo que se conquista gradativamente. A partir dela,
nós acreditamos que o colaborador seja capaz de assumir certas responsabilidades
e, dependendo da experiência, do cargo, do projeto, etc., lhe damos uma missão.
Uma
vez que a missão esteja clara, tudo que esperamos é comprometimento com o
resultado. É importante que cada colaborador saiba que o que estamos buscando
não é alguém que trabalhe sem parar, igual a uma máquina. Não. O que queremos é
que cada um entenda a importância da sua missão dentro da estratégia da empresa
(ou de um aspecto dela), e que se comprometa com o sucesso da sua missão. Se
comprometer com o resultado não é simplesmente trabalhar muito. Às vezes dar o
máximo, trabalhar fora do horário e finais de semana, embora seja um sinal de
grande dedicação ao trabalho, pode não ser suficiente. Se comprometer é ter uma
postura, uma atitude focada no sucesso da missão. Talvez precisemos de
feedback, de questionamentos, de rediscutir as prioridades e, de acordo com a
alçada de cada um, buscar caminhos alternativos, pois não adianta chegarmos ao
final dizendo que demos o nosso máximo, se a missão não for concluída com
sucesso. Inclusive o ideal é que as missões sejam cumpridas sem a necessidade
de se matar nas madrugadas e finais de semana, mas se for necessário, vamos que
vamos! Mais uma vez, comprometimento pra mim é entender a importância de uma
missão e junto com a empresa garantir que ela seja cumprida com sucesso.
Estamos todos no mesmo barco!
Com
o comprometimento e consequente sucesso, virá o reconhecimento, tanto
financeiro quanto social. Acho extremamente importante que toda a empresa
reconheça e valorize cada missão cumprida com sucesso. Assim, fechando o ciclo
CR2, essa atitude comprometida e o sucesso resultante dela permitirá que
aumentemos o nível de confiança e de responsabilidade depositada ao colaborador.
Note que ter mais responsabilidade aqui não significa virar gestor. Pode até
ser, mas às vezes um desenvolvedor brilhante pode não ter nenhum tino para
gerir, certo? Mas um desenvolvedor sênior poderá receber missões de
desenvolvimento com um grau de liberdade e responsabilidade que um júnior não
poderia, tudo fruto da confiança.
Algumas
pessoas às vezes não percebem que esse processo é um ciclo incremental, que
alguns estão caminhando há mais tempo e alcançaram uma posição de maior
confiança/responsabilidade, e com isso podem desfrutar também de uma maior
autonomia e liberdade. Confiança precisa ser conquistada. É fundamental nesse
processo contínuo de amadurecimento profissional que estejamos realmente
abertos às críticas construtivas, pois reconhecendo e refletindo sobre nossos
deslizes, cresceremos em confiança.
Concluindo,
acredito na construção de um ambiente de trabalho fundamentado sobre essas
relações CR2 e não sobre mecanismos de comando e controle (embora algumas vezes
necessária a aplicação desses mecanismos com expertise). Criar formas de forçar
o foco das pessoas para o trabalho não vai torná-las comprometidas com
resultado. Pode até resolver alguns problemas
e torna-las mais produtivas até um certo limite, mas definitivamente não
é o tipo de relação empresa-colaborador na qual acredito.
Fonte de Pesquisa: Fabrício Vargas Matos.
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