"Eu
nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim...
Gabriela... sempre Gabriela". Tem muita gente com síndrome de Gabriela que
repete o discurso: eu nasci assim, e sou mesmo assim e não mudo, não mudo e não
mudo! E então, conhecem alguém assim?
Com certeza sim, porque fomos sempre ensinados a procurar por segurança, por
situações em que nos sintamos confortáveis e acomodados. E enquanto algumas
pessoas estão constantemente abertas a novidades, outras tendem a escolher
aquilo que lhes é conhecido e familiar, recusando-se a alterar seu estilo de
vida.
Mas
por que será que isso acontece? Por que tudo o que é novo, não habitual,
diferente daquilo com o que estamos acostumados, nos causa tanto medo? O medo
do não controlável, do que surpreende, que chega sem ser convidado ou aparece
de onde não se espera, o medo do novo e do desconhecido. Na verdade, parece que
o que pode dar errado é visto com muito mais ênfase do que perceber o que pode
dar certo. Não é isso? O novo incomoda em todas as esferas do conhecimento. Mas
isto não deveria ser necessariamente ruim e sim uma oportunidade de testarmos
nossa capacidade
Em primeiro
lugar, não é minha intenção desmerecer o medo, pois ele é muito útil. A
sensação de medo diante de algo novo e desconhecido é normal, afinal de contas
as mudanças são inerentes à vida. É uma forma de defesa para que possamos nos
regular em relação à realidade. Dessa forma, fica claro que não estou me
referindo ao medo em si, mas ao excesso dele, pois observo muitas pessoas
ficarem esperando as coisas acontecerem para depois acreditarem serem
possíveis. Somente vivem suas vidas como aquela música: "deixa a vida me
levar, vida leva eu..." E dessa forma “justificam” sua inércia e comodismo
por faltar-lhes garra e coragem para enfrentar os desafios da vida.
Não
é preciso ser nenhum estudioso no assunto para saber que algumas pessoas
preferem permanecer na “zona de conforto” cerebral. Ou seja, fazendo quase tudo
da mesma forma e esperando um resultado diferente. Ora, o mundo é mais
confortável, a vida é mais segura se soubermos o que nos espera, como agir e
que reação ter em diferentes circunstâncias. O medo vem de dentro pra fora, vem
dos arquivos internos que acabam por acionar o padrão do medo a qualquer
pequeno sinal de algo que possa retirar o pleno controle de nossas mãos.
O
novo gera insegurança, estimula tentativas, experimentos e convida a novas
reflexões. Para ir em frente tem que está disposto a errar. Erros e falhas não
devem ser encarados como derrotas, mas como bússolas. Além disso, é muito pior
arrepender-se por algo que não fez do que por algo que nem tentou.
Existem
dois tipos de medo: Um que serve para nos manter alerta e o outro que possui
efeito paralisante e não nos deixa agir. No segundo caso, seguimos aprisionados
ao medo de errar, de perder, de ousar, de fazer diferente e perdendo, quem
sabe, grandes oportunidades de avançar e superar obstáculos que antes poderiam
até parecer intransponíveis. Isto exige uma mudança em nosso padrão usual de
reação, que deve passar do medo e da negatividade, para o otimismo e a
confiança.
E
quando falo em superação não estou me referindo apenas às vantagens no aspecto
emocional, pois não é nenhuma novidade que atualmente as empresas não preservam
mais limitações, e sim buscam profissionais abertos às mudanças, receptivos a
desafios e dispostos a serem diferentes da maioria. Hoje em dia e no futuro
sobreviverão aqueles que forem mais ágeis, mais rápidos, mais dinâmicos e
assertivos.
Sem
o elemento da novidade não haveria caminhada, nem arte, nem projeto, nem
construção, sem o elemento do desconhecido não haveria construção de
conhecimento, nem progresso, nem crescimento. A grande certeza da vida sabe
qual é? É que sempre há mudança.
E
você? Tem medo do novo? Medo de mudar? Com certeza todos nós sofremos um pouco
dessa "síndrome", mas não devemos deixar que ela nos "turve a
visão e paralise nossas pernas" nos impedindo de vislumbrar novos
horizontes, correr atrás dos nossos objetivos e de experimentar coisas novas.
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